Francisco: o Sínodo é filho da "Laudato si", um “Sínodo urgente”
Foto: Papa Francisco, viagem apostolica (Vatican News)
Entrevista com o Papa Francisco ao jornal italiano La Stampa-Vatican Insider: a Europa não deve dissolver-se, as identidades dos povos devem ser respeitadas, mas sem fechamentos. A política precisa de criatividade e prudência no acolhimento aos migrantes. O Sínodo sobre a Amazônia será uma resposta à emergência ambiental planetária, mas nasce da Igreja e terá uma dimensão evangelizadora.
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Amazônia, um “Sínodo urgente”
No mês de outubro próximo vai se realizar no Vaticano o Sínodo sobre a Amazônia, filho da Laudato Si’, ressalta o Papa, acrescentando que quem não a leu jamais entenderá o Sínodo sobre a Amazônia.
Francisco reitera sobre a Laudato Si’: não é uma encíclica verde, mas uma encíclica social baseada no cuidado da Criação. Ao mesmo tempo é um “Sínodo urgente”. Efetivamente, Francisco se diz chocado que em 29 de julho o homem já tenha consumado todos os recursos regeneráveis para o ano em andamento. Isso, junto ao derretimento das geleiras, ao risco de aumento do nível dos oceanos, do incremento do lixo plástico no mar, do desmatamento e de outras situações críticas, faz de modo que o planeta viva numa “situação de emergência mundial”.
Um trabalho de comunhão conduzido pelo Espírito Santo
O Sínodo, todavia, adverte o Papa, “não é uma reunião de cientistas ou de políticos. Não é um parlamento: é outra coisa. Nasce da Igreja e terá missão e dimensão evangelizadora. Será um trabalho de comunhão conduzido pelo Espírito Santo”. Os temas importantes são os que dizem respeito aos “ministérios da evangelização e aos vários modos de evangelizar”, explica Francisco, enquanto a questão dos “viri probati”, a possibilidade de ordenar anciãos e casados onde faltam sacerdotes, não será um dos temas principais do Sínodo, mas é “simplesmente um número do Instrumentum Laboris” (Instrumento de trabalho, ndr).
A Amazônia é decisiva para o futuro do planeta
O Papa explica a escolha de fazer um Sínodo para a Amazônia, uma região que envolve nove Estados: é “um lugar representativo e decisivo... contribui de modo determinante para a sobrevivência do planeta. Grande parte do oxigênio que respiramos é proveniente dali. Eis o motivo porque o desmatamento significa matar a humanidade. Além disso, efetivamente, a Amazônia envolve nove Estados, portanto, não diz respeito a uma única nação. Penso na riqueza da biodiversidade amazônica, vegetal e animal: é maravilhosa”. Francisco diz temer “o desaparecimento da biodiversidade. Novas doenças letais. Uma deriva e uma devastação da natureza que poderiam levar à morte da humanidade”.
A política elimine conivências e corrupções
“A ameaça da vida das populações e do território – ressalta ainda referindo-se à salvaguarda da Amazônia – deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade.” A política deve “eliminar suas conivências e corrupções. Deve assumir suas responsabilidades concretas, por exemplo, sobre o tema das minas a céu aberto, que envenenam a água provocando muitas doenças”.
Confiança nos jovens
A confiança numa nova atitude em relação à Criação vem dos movimentos juvenis – afirma por fim o Santo Padre –, como o que foi criado por Greta Thunberg: “Vi um cartaz deles que me impressionou: ‘O futuro somos nós!’”. Significa promover uma atenção às pequenas coisas diárias que “incidem” na cultura “porque se trata de ações concretas”.
Fonte: Vatican News: Michele Raviart - Cidade do Vaticano