Marçal de Souza Tupã-i (1983, Guarani)
Marçal de Souza, também chamado Marçal Tupã-i, (ou ainda Tupa-Y, que significa pequeno Deus) nasceu no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, no dia 24 de dezembro de 1920. Indígena, pertencia à etnia guarani-nhandevá, que habita o oeste brasileiro, nas regiões fronteiriças do Brasil com a Argentina, Paraguai e Bolívia. No início da década de 70 começa a sua luta na defesa dos direitos dos índios e no enfrentamento da expropriação ilegal de terra, extração ilegal de madeira e riquezas da floresta, escravidão indígena e tráfico de meninas índias. Na liderança do seu povo, Marçal de Souza se destacou nacionalmente pela luta contra os abusos dos fazendeiros, sendo diversas vezes compelido a se mudar de cidade para proteger a sua vida. Foi um dos criadores da União das Nações Indígenas (UNI), uma entidade que reune indígenas brasileiros, fundada em 1980. Neste mesmo ano é escolhido representante da comunidade indígena para discursar ao Papa João Paulo II, na primeira visita de um pontífice ao Brasil. Em seu discurso, Marçal de Souza destacou:
“Trazemos a Sua Santidade a nossa miséria, a nossa tristeza pela morte de nossos índios, assassinados friamente por aqueles que tomam o nosso chão, aquilo que para nós representa a nossa própria vida e a nossa sobrevivência nesse grande Brasil chamado de um país cristão”.
Pouco antes de ser assassinado, reconhecendo os riscos a que estava sujeito e as diversas ameaças, Marçal de Souza disse:
"Sou uma pessoa marcada para morrer, mas por uma causa justa a gente morre…".
Mesmo diante de todo esse quadro o líder não esmoreceu na sua luta, o que torna claro a sua efetiva doação e o seu martírio em favor dos mais pobres. Foi assassinado a tiros no rancho de sua casa, na aldeia Campestre, no dia 25 de novembro de 1983.